terça-feira, 18 de setembro de 2007

Fim da concessão da REDE GLOBO

Agora em 2007 ocorrera a renovação da concessão de varias emissoras de Radio e Tv entre elas as 5 emissoras da Rede Globo – PLIM PLIM da alienação.
Essa data de renovação é o momento em que o explorador do serviço deveria prestar contas à sociedade sobre como vem gerindo o pedaço do sinal que a União lhe concedeu por 15 anos.
Nessa comunidade resolvemos tomar uma atitude após anos de manipulação e dividas bilionárias com o governo queremos
O fim da renovação.
Pelo fim da emissora ``Plim-Plim da Alienação´´ entre na comunidade.
Para acabar com a ditadura não basta só sair de um governo ditador é preciso acabar com seus filhotes!
artigo sobre a renovação da concessão: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=403IPB004

Estamos na reta final(DIA 3 DE OUTUBRO).

Os podres poderes e a ética da quitanda

Rosali Brito
Coordenadora do curso de Comunicação da UFPA

Em termos de controle da informação e censura à liberdade de pensamento e de expressão, pode-se dizer que o regime militar do pós-64 no Brasil acendeu uma vela para Deus e outra para o diabo. De um lado, censurou com mão de ferro a imprensa e as artes, produzindo um sofisticado aparato de repressão e controle, que se traduziu não só nas leis de exceção que lhes deram sustentação, como também nos atos de força que iam desde a presença de censores nas redações dos jornais até a tortura e morte de jornalistas e intelectuais que se opunham ao regime fachista.

De outro lado, investiu maciçamente na criação do sistema nacional de telecomunicações, que permitiu a formação de uma rede nacional de radiodifusão. Foi graças a essa iniciativa que a Rede Globo de Televisão pôde dar o primeiro salto para se transformar mais tarde na quarta televisão do mundo. Milhões de brasileiros passaram a ser anestesiados diariamente diante do Jornal Nacional - que foi ao ar pela primeira vez em 1969 - e de toda a programação da nascente Rede Globo, feita sob medida para a adesão das massas à ideologia de segurança nacional.

A vela para o diabo foi o uso da força; a vela para Deus foi a criação de um poderoso sistema de informação e entretenimento de massas. Ou aquilo que Herbert Marcuse, um dos integrantes da Escola de Frankfurt, chamou de a maior "fábrica de consentimento" que o século XX produziu para controle das massas. Dela o capitalismo contemporâneo extraiu em grande medida o seu triunfo global.

Mas justamente pela forma de dominação sutil que a caracteriza é que as cenas de selvageria a que a cidade assistiu atônita no último dia 21 de janeiro, quando um dos donos das Organizações Rômulo Maiorana, Ronaldo Maiorana, agrediu covardemente o jornalista Lúcio Flávio Pinto, sem dúvida um dos nossos mais consistentes intelectuais, soam como a completa barbárie. Quem leu o artigo "O rei da quitanda" no Jornal Pessoal, editado por Lúcio, sabe o porquê do ódio visceral de Ronaldo.

É que nunca se viu um raio-X tão fiel e contundente dos podres poderes de nossa provinciana imprensa. Lúcio denuncia, com riqueza de fatos, o amesquinhamento do poder monopolístico do jornal O Liberal, que virou um balcão de negócios (ou uma quitanda, para usar a expressão da manchete), que chantageia e segura em rédea curta seus anunciantes. O que vem em último lugar, aqui, é o interesse do leitor. Tão mais verdadeira a denúncia de Lúcio, maior a indignação ante a agressão por ele sofrida. Pobre do Estado que está à mercê dessa forma mesquinha de poder, condizente, aliás, com as elites políticas locais.

Se nos calarmos diante disso estaremos condenados a viver de cabeça baixa, resignados diante da pequenez de um poder ao mesmo tempo vazio e arrogante. É hora de sermos donos da nossa voz, para deixar a voz do dono reduzida à sua insignificância.

REPÚDIO II - DESCASO E DOLO AO DENEGRIR A IMAGEM E FUNÇÃO PROFISSIONAL DO CIRURGIÃO-DENTISTA, PERANTE À SOCIEDADE.

MENSAGEM ENVIADA PARA A CENTRAL GLOBO DE PRODUÇÕES EM REPÚDIO À POSTURA DE SUA PROGRAMAÇÃO COM RELAÇÃO AOS ASSUNTOS DA SAÚDE BUCAL, ODONTOLOGIA E CIRURGIÕES-DENTISTAS

Título: REPÚDIO II - DESCASO E DOLO AO DENEGRIR A IMAGEM E FUNÇÃO PROFISSIONAL DO CIRURGIÃO-DENTISTA, PERANTE À SOCIEDADE.

Senhor Diretor da Central Globo de Produções,
(Esta mensagem estará sendo repassada para o maior número de pessoas, políticos, entidades, sindicatos, profissionais de odontologia e outras áreas da saúde no Brasil e no exterior)

Pela Segunda (2ª) vez, como cidadão e profissional a serviço da Saúde Bucal, vejo-me na obrigação moral de manifestar meu mais veemente repúdio em relação à postura que vem sendo sistematicamente adotada pela produção de suas telenovelas, nas quais, além de não valorar as questões ligadas à Saúde Bucal e suas correlações com a Saúde Integral, ainda faz com as pessoas reforcem seus medos e posturas defensivas com relação aos Profissionais de Odontologia, através dos comentários totalmente desnecessários ao contexto.
Minha primeira (1ª) manifestação (em anexo) deveu-se ao diálogo veiculado na novela "LAÇOS DE FAMÍLIA", no qual simplesmente, sem mais nem menos, fomos chamados, de forma eufêmica, de "LADRÕES", "DE ASSALTANTES" ou qualquer outro adjetivo que se aplique a um profissional que "...COBRA OS TUBOS..." por seus serviços, fazendo com que "...QUALQUER TRATAMENTO FIQUE PELA HORA DA MORTE".
Ora Senhores, pensei que tivesse sido um texto de improviso da atriz, que tivesse "passado desapercebido" pelo Diretor ou sei lá eu quem seja responsável por esta área da produção, mas vejo que fui ingênuo ao pensar que, uma manifestação, ainda que individual e partindo de um profissional que apenas reivindica o respeito por seus anos de estudos, esforços e de dedicação para com a sua profissão, a exemplo dos seus mais de 164.000 colegas Cirurgiões-Dentistas espalhados por este país, seria o suficiente para que houvesse um maior "filtro" deste tipo de frase de efeito (extremamente pernicioso e irresponsável para a formação cultural de um povo!), pois percebo agora ter sido uma atitude inócua junto à V.Sª., já que fica evidente a DESCARADA DISCRIMINAÇÃO CONTRA A ODONTOLOGIA, mais ainda do que os próprios órgãos governamentais, que finalmente entendeu a necessidade de incluir (após muita briga por parte de nossos representantes e a estatística decepcionante do IBGE, que deve ter sido uma SURPRESA para muita gente que detém o poder!) os Cirurgiões-Dentistas e Técnicos em Saúde Bucal nas equipes do alardeado Programa de Saúde Familiar.
Digo isto porque me quedei pasmo ao escutar o diálogo que acaba de ser veiculado no capítulo da novela "UM ANJO QUE CAIU DO CÉU", dia 15/06/01 (persistindo no dia 16/06/01), entre o personagem "João não sei das Quantas" (Tarcísio Meira) e o "Anjo Rafael" , no qual, o ex-anjo, para demonstrar sua nova condição de humano, passa a reclamar de dor de dente, e o "João Grandão" (que está mais para "João Idiotão") , responde, em tom sádico: "...VOCÊ ESTA PARA TER UMA DAS MAIS TERRÍVEIS E TEMÍVEIS EXPERIÊNCIAS DO SER HUMANO: IR AO DENTISTA!!!"
Senhores, já que não vi nenhum "banguela" nesta (e em nenhuma outra) novela, apesar de não vê-los higienizar a boca em momento algum, pergunto: NÃO SERIA AÍ TAMBÉM O MOMENTO DE MANTER UMA RELAÇÃO NEUTRA PARA COM AS QUESTÕES DA ODONTOLOGIA, já que ela parece não fazer parte do cotidiano dos personagens produzidos por este tão "idolatrado" e "venerado" e premiado veículo de comunicação e educação desta aldeia ???
Não seria o caso do EX-ANJO passar a ter diarréia, necessidade de usar óculos, risco de contrair AIDS, fumar cigarro ou maconha, cheirar cocaína, precisar de transplante de órgãos, que são assuntos tão enfatizados em seus programas e principalmente nas campanhas "solicitadas" (e pagas) pelo governo, e tão prontamente atendidas pela "EDUCADORA" REDE GLOBO.
Falo em discriminação com a Classe Odontológica, porque neste mesmo dia, pude notar a preocupação "DO ADVOGADO DO DR. FÉLIX (que é Dr. formado não sei em que)" perdido lá em Porto dos Milagres, supostamente uma cidadezinha da Bahia, fazer questão de frisar com todas as letras e pausadamente, que sua mulher receberia os melhores cuidados do O F T A L M O L O G I S T A, quando no "popular" , já que o sujeito é um causídico, a exemplo da forma como somos "tratados" pela Central Globo de Produções ("DENTISTAS"), o correto seria ouvirmos "OCULISTA", ou será que a Globo está com medo que os falecidos "Mamonas Assassinas" levantem do túmulo para questionar as questões da semântica com relação às especialidades médicas?
Aproveito para mandar um recado para o Tarcísio Meira: Será que ao menos você, que certamente pode ainda ostentar um sorriso amplo e seguro desde os tempos idos dos "IRMÃOS CORAGEM", não consegue valorar o trabalho e esforço dos profissionais que o trataram? Você, como figura pública, não consegue discernir o malefício que pode estar causando em uma sociedade em que 30 milhões de brasileiros nunca receberam nenhum tipo de cuidado em termos de Saúde Bucal e que em muito isso se deve ao mitos e medos criados ao redor da figura do Cirurgião-Dentista, cujas piadas colocam-no sempre como "TORTURADOR" pelo fato de estar sempre lidando com situações extremas das DOENÇAS BUCAIS, onde a dor é sempre uma constante.
Encerrando, peço uma reflexão aos senhores: Se nós, Cirurgiões-Dentistas, por lidarmos com a dor de nossos semelhantes, podemos ser alcunhados de "TORTURADORES", porque outros profissionais que lidam com o óbito, não são tratados de "ALGOZES" ou "CARRASCOS" ? Da população leiga ainda aceitamos este tipo de pré-conceito, mas de um veículo de comunicação que se propõe a educar e informar a sociedade, e que se arvora em patrocinar e incentivar ações de cidadania, isto é inaceitável.
Justifico alguns trechos de uma linguagem mais agressiva, porque é inadmissível que pessoas (ou entidades) que não "mexem uma palha" para contribuir para as mudanças dos conceitos sobre Saúde Bucal na sociedade, venham, pura e simplesmente, denegrir o trabalho honesto daqueles profissionais que acreditam que o pior tipo de doença é a falta de informação (ignorância) e por isso militam em Saúde Bucal Coletiva, que tem seu foco na informação e reeducação da sociedade sobre os assuntos da Saúde Bucal e suas conseqüências na Saúde Integral, na busca de um povo mais saudável e cada vez menos dependente de internações, remédios, "migalhas" curativas e "dentaduras" dadas em época de eleição, como falou em capítulo anterior, o personagem "DR. FÉLIX GUERREIRO" , que encarna a figura dos políticos que não mais precisamos.
Para finalizar, peço apenas um favor à Central Globo de Produções: Veiculem, ainda que de forma indireta, em seus jornais, telenovelas, rádios AM, CBN's, todas as ações cidadãs, voltadas à Saúde Bucal, desenvolvidas pela GLOBO, podendo ser desde um espaço para veiculação de matérias e entrevistas, até ações de conscientização dos seus empregados, telespectadores e etc. Vocês verão que a "coletânea global" sobre este tema é ínfima, perto de outros segmentos da Saúde.
Lembrem-se Senhores, nem sempre "basta" pagar convênios e benefícios, é preciso investir em educação e cultura e principalmente em ações RESPONSÁVEIS, mesmo que para isto, tenhamos que perder um pouco do "ESPÍRITO GOZADOR BRASILEIRO".
"É triste viver em um país sem senso de humor, porém, é mais triste ainda, viver em país no qual se precisa ter senso de humor".
B. Brechet

Dr. João Rodolfo Hopp C.D. - CRO-SP 28.086
jrhopp@uol.com.br jhopp@cteep.com.br jrhopp@apcd.org.br

Repórter entrega podres da GLOBO(carta na íntegra aqui).



Como em "Além do Cidadão Kane", reunir os podres das EMPRESAS GLOBO em um PACOTE só e distribuir na internet, só pra facilitar o trabalho dos mais novos(em GLOBO, claro), é praticamente uma obrigação! Deve sair em 2007. Mais um upgrade abaixo.

"LEALDADE

Quando cheguei à TV Globo, em 1995, eu tinha mais cabelo, mais esperança, e também mais ilusões. Perdi boa parte do primeiro e das últimas. A esperança diminuiu, mas sobrevive. Esperança de fazer jornalismo que sirva pra transformar - ainda que de forma modesta e pontual. Infelizmente, está difícil continuar cumprindo esse compromisso aqui na Globo. Por isso, estou indo embora.

Quando entrei na TV Globo, os amigos, os antigos colegas de Faculdade, diziam: "você não vai agüentar nem um ano naquela TV que manipula eleições, fatos, cérebros". Agüentei doze anos. E vou dizer: costumava contar a meus amigos que na Globo fazíamos - sim - bom jornalismo. Havia, ao menos, um esforço nessa direção.

Na última década, em debates nas universidades, ou nas mesas de bar, a cada vez que me perguntavam sobre manipulação e controle político na Globo, eu costumava dizer: "olha, isso é coisa do passado; esse tempo ficou pra trás".

Isso não era só um discurso. Acompanhei de perto a chegada de Evandro Carlos de Andrade ao comando da TV, e a tentativa dele de profissionalizar nosso trabalho. Jornalismo comunitário, cobertura política - da qual participei de 98 a 2006. Matérias didáticas sobre o voto, sobre a democracia. Cobertura factual das eleições, debates. Pode parecer bobagem, mas tive orgulho de participar desse momento de virada no Jornalismo da Globo.

Parecia uma virada. Infelizmente, a cobertura das eleições de 2006 mostrou que eu havia me iludido. O que vivemos aqui entre setembro e outubro de 2006 não foi ficção. Aconteceu.

Pode ser que algum chefe queira fazer abaixo-assinado para provar que não aconteceu. Mas, é ruim, hem!

Intervenção minuciosa em nossos textos, trocas de palavras a mando de chefes, entrevistas de candidatos (gravadas na rua) escolhidas a dedo, à distância, por um personagem quase mítico que paira sobre a Redação: "o fulano (e vocês sabem de quem estou falando) quer esse trecho; o fulano quer que mude essa palavra no texto".

Tudo isso aconteceu. E nem foi o pior.

Na reta final do primeiro turno, os "aloprados do PT" aprontaram; e aloprados na chefia do jornalismo global botaram por terra anos de esforço para construir um novo tipo de trabalho aqui.

Ao lado de um grupo de colegas, entrei na sala de nosso chefe em São Paulo, no dia 18 de setembro, para reclamar da cobertura e pedir equilíbrio nas matérias: "por que não vamos repercutir a matéria da "Istoé", mostrando que a gênese dos sanguessugas ocorreu sob os tucanos? Por que não vamos a Piracicaba, contar quem é Abel Pereira?"

Por que isso, por que aquilo... Nenhuma resposta convincente. E uma cobertura desastrosa. Será que acharam que ninguém ia perceber?

Quando, no JN, chamavam Gedimar e Valdebran de "petistas" e, ao mesmo tempo, falavam de Abel Pereira como empresário ligado a um ex-ministro do "governo anterior", acharam que ninguém ia achar estranho?

Faltando seis dias para o primeiro turno, o "petista" Humberto Costa foi indiciado pela PF. No caso dos vampiros. O fato foi parar em manchete no JN, e isso era normal. O anormal é que, no mesmo dia, esconderam o nome de Platão, ex-assessor do ministério na época de Serra/Barjas Negri. Os chefes sabiam da existência de Platão, pediram a produtores pra checar tudo sobre ele, mas preferiram não dar. Que jornalismo é esse, que poupa e defende Platão, mas detesta Freud! Deve haver uma explicação psicanalítica para jornalismo tão seletivo!

Ah, sim, Freud. Elio Gaspari chegou a pedir desculpas em nome dos jornalistas ao tal Freud Godoy. O cara pode ter muitos pecados. Mas, o que fizemos na véspera da eleição foi incrível: matéria mostrando as "suspeitas", e apontando o dedo para a sala onde ele trabalhava, bem próximo à sala do presidente... A mensagem era clara. Mas, quando a PF concluiu que não havia nada contra ele, o principal telejornal da Globo silenciou antes da eleição.

Não vi matérias mostrando as conexões de Platão com Serra, com os tucanos.

Também não vi (antes do primeiro turno) reportagens mostrando quem era Abel Pereira, quem era Barjas Negri, e quais eram as conexões deles com PSDB. Mas vi várias matérias ressaltando os personagens petistas do escândalo. E, vejam: ninguém na Redação queria poupar os petistas (eu cobri durante meses o caso Santo André; eram matérias desfavoráveis a Lula e ao PT, nunca achei que não devêssemos fazer; seria o fim da picada...).

O que pedíamos era isonomia. Durante duas semanas, às vésperas do primeiro turno, a Globo de São Paulo designou dois repórteres para acompanhar o caso dossiê: um em São Paulo, outro em Cuiabá. Mas, nada de Piracicaba, nada de Barjas.!

Um colega nosso chegou a produzir, de forma precária, por telefone (vejam, bem, por telefone! Uma TV como a Globo fazer reportagem por telefone), reportagem com perfil do Abel. Foi editada, gerada para o Rio. Nunca foi ao ar!

Os telespectadores da Globo nunca viram Serra e os tucanos entregando ambulâncias cercados pelos deputados sanguessugas. Era o que estava na tal fita do "dossiê". Outras TVs mostraram o vídeo, a internet mostrou. A Globo, não. Provava alguma coisa contra Serra? Não. Ele não era obrigado a saber das falcatruas de deputados do baixo clero. Mas, por que demos o gabinete de Freud pertinho de Lula, e não demos Serra com sanguessugas?

E o caso gravíssimo das perguntas para o Serra? Ouvi, de pelo menos 3 pessoas diretamente envolvidas com o SP-TV Segunda Edição, que as perguntas para o Serra, na entrevista ao vivo no jornal, às vésperas do primeiro turno, foram rigorosamente selecionadas. Aquele diretor (aquele, vocês sabem quem) teria mandado cortar todas as perguntas "desagradáveis". A equipe do jornal ficou atônita. Entrevistas com os outros candidatos tinham sido duras, feitas com liberdade. Com o Serra, teria havido, deliberadamente, a intenção de amaciar.

E isso era um segredo de polichinelo. Muita gente ouviu essa história pelos corredores...

E as fotos da grana dos aloprados? Tínhamos que publicar? Claro. Mas, porque não demos a história completa? Os colegas que estavam na PF naquele dia (15 de setembro), tinham a gravação, mostrando as circunstâncias em que o delegado vazara as fotos. Justiça seja feita: sei que eles (repórter e produtor) queriam dar a matéria completa - as fotos, e as circunstâncias do vazamento. Podiam até proteger a fonte, mas escancarando o que são os bastidores de uma campanha no Brasil. Isso seria fazer jornalismo, expor as entranhas do poder.

Mais uma vez, fomos seletivos: as fotos mostradas com estardalhaço. A fita do delegado, essa sumiu!

Aquele diretor, aquele que controla cada palavra dos textos de política, disse que só tomou conhecimento do conteúdo da fita no dia seguinte. Quer que a gente acredite?

Por que nunca mostraram o conteúdo da fita do delegado no JN?

O JN levou um furo, foi isso?

Um colega nosso, aqui da Globo ouviu a fita e botou no site pessoal dele... Mas, a Globo não pôs no ar... O portal "G-1" botou na íntegra a fita do delegado, dias depois de a "CartaCapital" ter dado o caso. Era noticia? Para o portal das Organizações Globo, era.

Por que o JN não deu no dia 29 de setembro? Levou um furo?

Não. Furada foi a cobertura da eleição. Infelizmente.

E, pra terminar, aquele episódio lamentável do abaixo-assinado, depois das matérias da "CartaCapital". Respeito os colegas que assinaram. Alguns assinaram por medo, outros por convicção. Mas, o fato é que foi um abaixo-assinado em defesa da Globo, apresentado por chefes!

Pensem bem. Imaginem a seguinte hipótese: a revista "Quatro Rodas" dá matéria falando mal da suspensão de um carro da Volkswagen, acusando a empresa de deliberadamente não tomar conhecimento dos problemas. Aí, como resposta, os diretores da Volks têm a brilhante idéia de pedir aos metalúrgicos pra assinar um manifesto em defesa da empresa! O que vocês acham? Os metalúrgicos mandariam a direção da fábrica catar coquinho em Berlim!

Aqui, na Globo, muitos preferiram assinar. Por isso, talvez, tenhamos um metalúrgico na Presidência da República, enquanto os jornalistas ficaram falando sozinhos nessa eleição...

De resto, está difícil continuar fazendo jornalismo numa emissora que obriga repórteres a chamarem negros de "pretos e pardos". Vocês já viram isso no ar? Sinto vergonha...

A justificativa: IBGE (e, portanto, o Estado brasileiro) usa essa nomenclatura. Problema do IBGE. Eu me recuso a entrar nessa. Delegados de policia (representantes do Estado) costumavam (até bem pouco tempo) tratar companheiras (mesmo em relações estáveis) como "concubinas" ou "amásias". Nunca usamos esses termos!

Árabes que chegaram ao Brasil no início do século passado eram chamados de "turcos" pelas autoridades (o passaporte era do Império Turco Otomano, por isso a nomenclatura). Por causa disso, jornalistas deviam chamar libaneses de turcos?

Daqui a pouco, a Globo vai pedir para que chamemos a Parada Gay de "Parada dos Pederastas". Francamente, não tenho mais estômago.

Mas, também, o que esperar de uma Redação que é dirigida por alguém que defende a cobertura feita pela Globo na época das Diretas?

Respeito a imensa maioria dos colegas que ficam aqui. Tenho certeza que vão continuar se esforçando pra fazer bom Jornalismo. Não será fácil a tarefa de vocês.

Olhem no ar. Ouçam os comentaristas. As poucas vozes dissonantes sumiram. Franklin Martins foi afastado. Do Bom dia Brasil ao JG, temos um desfile de gente que está do mesmo lado.

Mas sabem o que me deixou preocupado mesmo? O texto do João Roberto Marinho depois das eleições.

Ele comemorou a reação (dando a entender que foi absolutamente espontânea; será que disseram isso pra ele? Será que não contaram a ele do mal-estar na Redação de São Paulo?) de jornalistas em defesa da cobertura da Globo:

"(...)diante de calúnias e infâmias, reagem, não com dúvidas ou incertezas, mas com repúdio e indignação. Chamo isso de lealdade e confiança".

Entendi. Ele comemora que não haja dúvidas e incertezas... Faz sentido. Incerteza atrapalha fechamento de jornal. Incerteza e dúvida são palavras terríveis. Devem ser banidas. Como qualquer um que diga que há racismo - sim - no Brasil.

E vejam o vocabulário: "lealdade e confiança". Organizações ainda hoje bem populares na Itália costumam usar esse jargão da "lealdade".

Caro João, você talvez nem saiba direito quem eu sou.

Mas, gostaria de dizer a você que lealdade devemos ter com princípios, e com a sociedade. A Globo, infelizmente, não foi "leal" com o público. Nem com os jornalistas.Vai pagar o preço por isso. É saudável que pague. Em nome da democracia!

João, da família Marinho, disse mais no brilhante comunicado interno:

"Pude ter certeza absoluta de que os colaboradores da Rede Globo sabem que podem e devem discordar das decisões editoriais no trabalho cotidiano que levam à feitura de nossos telejornais, porque o bom jornalismo é sempre resultado de muitas cabeças pensando".

Caro João, em que planeta você vive? Várias cabeças? Nunca, nem na ditadura (dizem-me os companheiros mais antigos) tivemos na Globo um jornalismo tão centralizado, a tal ponto que os repórteres trabalham mais como bonecos de ventríloquos, especialmente na cobertura política!

Cumpro agora um dever de lealdade: informo-lhe que, passadas as eleições, quem discordou da linha editorial da casa foi posto na "geladeira". Foi lamentável, caro João. Você devia saber como anda o ânimo da Redação - especialmente em São Paulo.

Boa parte dos seus "colaboradores" (você, João, aprendeu direitinho o vocabulário ideológico dos consultores e tecnocratas - "colaboradores", essa é boa... Eu não sou colaborador, coisa nenhuma! Sou jornalista!) está triste e ressabiada com o que se passou.

Mas, isso tudo tem pouca importância.

Grave mesmo é a tela da Globo - no Jornalismo, especialmente - não refletir a diversidade social e política brasileira. Nos anos 90, houve um ensaio, um movimento em direção à pluralidade. Já abortado. Será que a opção é consciente?

Isso me lembra a Igreja Católica, que sob Ratzinger preferiu expurgar o braço progressista. Fez uma opção deliberada: preferiram ficar menores, porém mais coesos ideologicamente. Foi essa a opção de Ratzinger. Será essa a opção dos Marinho?

Depois, não sabem porque os protestantes crescem...

Eu, que não sou católico nem protestante, fico apenas preocupado por ver uma concessão pública ser usada dessa maneira!

Mas, essa é também uma carta de despedida, sentimental.

Por isso, peço licença pra falar de lembranças pessoais.

Foram quase doze anos de Globo.

Quando entrei na TV, em 95, lá na antiga sede da praça Marechal, havia a Toninha - nossa mendiga de estimação, debaixo do viaduto. Os berros que ela dava em frente à entrada da TV traziam uma dimensão humana ao ambiente, lembravam-nos da fragilidade de todos nós, de como nossa razão pode ser frágil.

Havia o João Paulada - o faz-tudo da Redação.

Havia a moça do cafezinho (feito no coador, e entregue em garrafas térmicas), a tia dos doces...

Era um ambiente mais caseiro, menos pomposo. Hoje, na hora de dizer tchau, sinto saudade de tudo aquilo.

Havia bares sujos, pessoas simples circulando em volta de todos nós - nas ruas, no Metrô, na padaria.

Todos, do apresentador ao contínuo, tinham que entrar a pé na Redação. Estacionamentos eram externos (não havia "vallet park", nem catraca eletrônica). A caminhada pelas calçadas do centro da cidade obrigava-nos a um salutar contato com a desigualdade brasileira.

Hoje, quando olho pra nossa Redação aqui na Berrini, tenho a impressão que estou numa agência de publicidade. Ambiente asséptico, higienizado. Confortável, é verdade. Mas triste, quase desumano.

Mas, há as pessoas. Essas valem a pena.

Pra quem conseguiu chegar até o fim dessa longa carta, preciso dizer duas coisas...

1) Sinto-me aliviado por ficar longe de determinados personagens, pretensiosos e arrogantes, que exigem "lealdade"; parecem "poderosos chefões" falando com seus seguidores... Se depender de mim, como aconteceu na eleição, vão ficar falando sozinhos.

2) Mas, de meus colegas, da imensa maioria, vou sentir saudades.

Saudades das equipes na rua - UPJs que foram professores; cinegrafistas que foram companheiros; esses sim (todos) leais ao Jornalismo.

Saudades dos editores - que tiveram paciência com esse repórter aflito e procuraram ser leais às minúcias factuais.

Saudades dos produtores e dos chefes de reportagem - acho que fui leal com as pautas de vocês e (bem menos) com os horários!

Saudades de cada companheiro do apoio e da técnica - sempre leais.

Saudades especialmente, das grandes matérias no Globo Repórter - com aquela equipe de mestres (no Rio e em São Paulo) que aos poucos vai se desmontando, sem lealdade nem respeito com quem fez história (mas há bravos resistentes ainda).

Bem, pelo tom um tanto ácido dessa carta pode não parecer. Mas levo muita coisa boa daqui.

Perdi cabelos e ilusões. Mas, não a esperança.

Um beijo a todos.

Rodrigo Vianna."